Marrom: a elegância daquilo que é real.
- Claudia Bavaresco

- há 6 dias
- 3 min de leitura

Existe uma verdade silenciosa acontecendo na moda, e poucas cores conseguem revelá-la com tanta precisão quanto o marrom. Em um mundo saturado de estímulos, filtros, ilusões visuais e referências copiadas, a mulher contemporânea começa a buscar algo que parecia esquecido: o real. À medida que 2025 se despede e 2026 se aproxima, surge uma mensagem clara: estamos cansadas do que é artificial. O desejo agora é por algo mais humano, mais verdadeiro, mais nosso. E o marrom aparece exatamente nesse ponto, como a cor que acolhe, que estabiliza, que nos devolve para dentro. O marrom voltou, não por estética, mas por necessidade.

Antes de ser cor, o marrom é símbolo. É chão, é raiz, é matéria. É a energia do que sustenta, não do que exibe. Cada tonalidade carrega um código emocional — e o marrom carrega o código do aterramento, o convite para diminuir o ritmo, respirar e reencontrar o próprio eixo. No meio da hiperexposição digital, ele ressoa como um retorno ao toque, ao corpo, ao real. Ele nos lembra da vida fora das telas, a vida que sentimos, não a que performamos.
O marrom não tenta impressionar. E, paradoxalmente, é isso que impressiona. Ele simboliza a humildade que tem força, não submissão; a maturidade de quem sabe quem é e, por isso, não precisa se exibir; a elegância que nasce do interior, não da aparência. Em linguagem emocional, o marrom comunica confiança tranquila, presença sem espetáculo, profundidade sem exagero e verdade sem agressividade. Ele veste a mulher que não precisa provar, apenas ser.
A moda sempre foi uma resposta ao mundo. Quando o mundo está ruidoso, a moda silencia. Quando o mundo está superficial, a moda aprofunda. E hoje, numa sociedade cansada do “parecer”, o marrom responde ao pedido coletivo por ser. Ele não é tendência, é reflexo. É sintoma de um comportamento que está mudando silenciosamente: menos performance e mais presença; menos idealização e mais autenticidade; menos imagens perfeitas e mais vida real. O marrom não está “na moda”. Ele está na necessidade emocional do nosso tempo.
Nas roupas, o marrom suaviza. Na pele, valoriza. Nos acessórios, aprofunda. No olhar feminino, dignifica. Ele cria uma estética madura e sensorial: quente, mas elegante; suave, mas marcante; simples, mas profunda; discreta, mas inesquecível. O marrom oferece algo que há muito não se via, um visual que transmite verdade, não perfeição. E a mulher de 2026 está procurando exatamente isso.
Por isso o marrom ressurgiu com tanta força. Não é só porque combina com tudo. Não é só porque está nas passarelas. Não é só porque é tendência. É porque ele representa um movimento interno. Ele expressa, sem palavras, aquilo que tantas mulheres têm sentido: “Eu quero o que é real. Quero o que importa. Quero me ver sem filtros. Quero vestir quem eu sou, não quem esperam que eu seja.” O marrom é quase terapêutico, um lembrete de que existe beleza na simplicidade e poder na autenticidade.
A cor marrom não está apenas na moda, ela está na mente, no comportamento e no coração das mulheres. Ela traduz exatamente o que muitas sentem, mas não verbalizam: a vontade de voltar para o essencial. Na era dos excessos visuais, o marrom é presença. Na era do barulho, é silêncio. Na era da performance, é verdade. Na era do instantâneo, é permanência. O marrom é a elegância daquilo que é real. E talvez por isso ele esteja falando tão alto, sem precisar levantar a voz.
Com carinho, Clau!














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